09 novembro 2006

A Arte de Ser Feliz




A Arte de Ser Feliz

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Houve um tempo em que minha janela se

abria sobre uma cidade que parecia

ser feita de giz.



Perto da janela havia um pequeno

jardim quase seco.


Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,

e o jardim parecia morto.

Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,

e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de

água sobre as plantas. Não era uma rega:

era uma espécie de aspersão ritual, para que o

jardim não morresse. E eu olhava para as plantas,

para o homem, para as gotas de água que caíam

de seus dedos magros e meu coração ficava

completamente feliz.


Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro

em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas.

Avisto crianças que vão para a escola.



Pardais que pulam pelo muro.

Gatos que abrem e fecham os olhos,

sonhando com pardais.



Borboletas brancas,

duas a duas, como refletidas no espelho do ar.



Marimbondos que sempre me parecem

personagens de Lope de Vega.



Às vezes, um galo canta.

Às vezes, um avião passa.



Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu

destino. E eu me sinto completamente feliz.


Mas, quando falo dessas pequenas

felicidades certas, que estão diante de cada janela,

uns dizem que essas coisas não existem,

outros que só existem diante das minhas janelas,

e outros, finalmente, que é preciso aprender

a olhar, para poder vê-las assim.


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